Olá! Não estou participando ativamente das últimas manifestações porque estou trabalhando como fiscal na prova de aptidão do vestibular da Música. Mas resolvi escrever um post a respeito, assim como fiz sobre a paralisação do Instituto de Artes e ocupação do gramado. Este post tem dois assuntos:
- A falta de infra-estrutura do Instituto de Artes (IA)
- A ocupação da reitoria
Foto: Fósforo Quadros
A falta de infra-estrutura do IA
Olha, é tanta coisa pra falar sobre isso que nem sei por onde começar. Fotografei alguns dos cartazes que foram colocados para chamar atenção e vou coloca-los ilustrando o post.
no banheiro feminino
Está(va) sendo construido um teatro do IA, uma obra que seria muito legal para todos os cursos. Várias outras melhorias foram negadas porque a verba estava sendo usada na construção, justo (?). Mas, porém, contudo, entretanto, a obra foi suspensa. Porque ESQUECERAM DE CONSTRUIR OS DOIS PILARES DE SUSTENTAÇÃO do prédio. (!!!!!) Eu não consigo compreender como isso pode ter acontecido, mas aconteceu. Então a obra foi paralisada por 120 dias para decidirem o que fazer.
genial
Enquanto isso, o prédio novo da Midialogia, que parece estar pronto, bonito e sustentado… tem uma infiltração e está alagado. Não é possível, né?!
E a falta de professores? Faltam professores em todos os cursos, professores aposentados que não substituidos etc. Esse não é um problema exclusivo da Unicamp, saiu uma matéria na Folha sobre falta de professores na Usp de Ribeirão Preto. Fiquei sabendo porque um moço comentou num post aqui.
Achei muito “engraçado” a matéria na Folha dizendo que os alunos de Ribeirão não têm aula desde abril. Os alunos do violão erudito na Unicamp, por exemplo, não têm professor há anos. Enquanto outros cursos não têm aula se não tiver professor, o que acontece com os alunos de violão é um pouco diferente. Eles cursam as disciplinas de instrumento (Violão I, II, III, IV…) e são aprovados com média 10 sem sequer ter aula.
E as salas sem isolamento acústico? Quando vou estudar piano na sala da licenciatura (que é a única sala onde consigo tocar piano digital, já que não tem piano acústico pra todo mundo), estudo ouvindo o pessoal tocando no estúdio, alguém tocando piano no andar inferior e gente tocando violino no corredor porque não tem sala. Inclusive proibiram os trombonistas/trompetistas de estudar no pátio e agora eles estudam de frente pro ginásio na rua em frente, parece até que estão de castigo ali.
Também tem o fato de que a Dança e as Artes Cênicas ficam num prédio separado, nos cafundós da universidade, o que atrapalha a integração artística com os outros cursos. Dizem que esse prédio, o barracão, é provisório. Mas sabe como é, provisório há décadas…
Isso que falei é apenas uma pequena parcela dos problemas que enfrentamos. Foram realizadas duas assembleias para discutir esses problemas e um dos encaminhamentos foi um cortejo para protestar contra o descaso com o instituto.
olha eu ali =p
O cortejo aconteceu na quinta-feira, dia 03 (primeiro dia das provas de aptidão). Pude acompanhar até o bandejão porque coincidiu com meu horário de almoço e, olha, foi lindo! É esse tipo de coisa que me faz ter orgulho de ser aluna do IA. Vou colocar algumas fotos aqui porque elas falam mais que mil palavras. Peguei as fotos na página do CAIA, créditos para Fósforo Quadros. Mais fotos podem ser vistas lá!
Só queria registrar a letra de uma das marchinhas cantadas no cortejo. Salvo alguma troca de palavras por causa da minha memória, era assim:
“O teatro do IA não sobe mais
O teatro do IA não sobe mais
Há 20 anos disseram que ele vinha
Esse teatro é conto da carochinha”
A ocupação da reitoria
Ainda na quinta-feira, saí das provas às 18hs e fui para a assembleia geral dos estudantes, que havia começado às 17:30. Os ânimos estavam acalorados, não fiquei até o fim mas saí com a certeza de que seria decidida uma greve e possível ocupação da reitoria. Só não esperava que fosse no mesmo dia!
O que se passa? No dia 21 uma tragédia marcou o campus: a morte do aluno Denis Papa Casagrande, esfaqueado em uma festa “não autorizada”. As festas dentro do campus são proibidas a menos que tenham autorização da reitoria, mas acontecem do mesmo jeito.
Depois dessa tragédia, com a mídia toda em cima, Alckmin gentilmente ofereceu a PM para a Unicamp, que aceitou de muito bom grado. A PM não podia entrar no campus por causa da autonomia universitária. Isso causou uma revolta entre os estudantes que são contra ter a PM no campus.
Por que ser contra a PM no campus? Na verdade, somos contra a própria existência da Polícia Militar, a polícia que mais mata no mundo. Até a ONU já recomendou o fim da PM.
Muita gente (no facebook) é a favor da PM no campus por achar que isso trará mais segurança. Isso não faz sentido pra mim. A PM pode circular em Barão Geraldo (distrito da Unicamp) e sempre vejo casos de repúblicas e pessoas assaltadas, estupros, sequestro relâmpago etc.
Vi relatos de que a PM estaria abordando pessoas que “não parecem alunos da Unicamp”. O que é completamente absurdo, porque a Unicamp não é uma faculdade particular. É um espaço público. Quem não é aluno tem o mesmo direito de circular lá do que eu.
Então, resumidamente, somos contra a truculência da polícia e a falta de diálogo da reitoria. Dá pra ver a pauta de reivindicações da ocupação aqui. Não vou me estender muito no assunto porque, como disse, estou meio por fora das manifestações. Vou colocar alguns links úteis no final.
Queria registrar mais uma manifestação do IA aqui. Foi descoberta uma adega de vinhos na reitoria, sendo que o consumo de bebidas alcoólicas é proibido no campus. Então os alunos das Artes Cênicas resolveram questionar isso com a intervenção chamada de Tarde de Queijos e Vinhos.
Segue o vídeo gravado pelo Xavantevê:
http://www.youtube.com/watch?v=ouN1rS8zv8c
Muito orgulho, né? ❤
Links úteis
- Somos todos Denis
- CAIA – Centro Acadêmico do Instituto de Artes da Unicamp
- Truculência na Unicamp
- Ocupação Unicamp 2013
- Nota da Unicamp sobre a invasão da reitoria
Até a próxima e lembrem-se de lutar pelo que acreditam!