Texto explicando como o corte de 40 milhões no orçamento da Unicamp afeta especificamente o Instituto de Artes, escrito por mim com a ajuda de meninas dos outros cursos do IA.
O Instituto de Artes tem um longo histórico de precarização. É emblemático que os cursos de Artes Cênicas e Dança estão há mais de 20 anos (?) em um prédio provisório, o Barracão do IA, e quando finalmente foi iniciada a construção do teatro-laboratório, onde ficariam as salas de aula desses cursos, a mesma foi interrompida por problemas técnicos: esqueceram de construir os dois pilares de sustentação. As obras estão paradas há quase três anos, estavam verificando a possibilidade de liberar o canteiro de obras para a construção das salas de aula, mas com os cortes é improvável que isso aconteça e assim o teatro-laboratório entrou para a lista dos prédios inacabados da Unicamp. O IA tem mais um nessa lista: o prédio das entidades (CAIA, Atlética, FEIA, VISARTE), que ao final do prazo de construção não havia terminado, então agora é necessário fazer uma nova licitação, que necessita de liberação de verba. A inexistência do prédio das entidades impede que as mesmas se estruturem corretamente, forçando-as a realizarem reuniões em diferentes espaços e dificultando (praticamente impedindo) a compra de itens permanentes. O CAIA e o FEIA estão ambos em locais provisórios e correm o risco de perderem suas salas. A VISARTE, apesar de possuir sede, possui um espaço tão pequeno que 6 pessoas já lotam. O prédio da midialogia, construído recentemente, tem problemas estruturais: ele foi construído sobre terreno pantanoso, então é úmido e tem infiltrações. Logo após sua abertura, com a primeira chuva, canos estouraram e inundaram algumas salas. Os estúdios não foram ainda finalizados, faltando o piso e acabamentos tanto estruturais quanto de segurança pra ninguém morrer levando choque ou pra nenhuma câmera, luz etc cair na cabeça das pessoas. Os ar condicionados do prédio também queimaram (o que está sendo um problema geral da Unicamp). Além disso não tem funcionário pra trabalhar no período noturno no prédio, então como ele fecha às 17hs mal dá pra ser usado pelas alunas e alunos.
Com o contingenciamento de vagas de professores, o IA perdeu 9 vagas, que ainda não foram distribuidas pelos cursos. O curso de Música tem uma demanda grande de professores, pois o bacharelado exige pelo menos um professor para cada instrumento erudito e popular (são 19 modalidades). Se não há professor daquele instrumento, o que já aconteceu e continua acontecendo, os alunos ficam sem ter as aulas mais importantes do bacharelado. Já aconteceu de alunos de violão se formarem sem nunca ter tido uma única aula de violão. A maioria dos professores da midialogia vai se aposentar dentro dos próximos dois anos, portanto se não houver contratação acontecerá uma precarização do ensino, com professores ensinando matérias de áreas que não são suas.
Os funcionários de várias áreas que se aposentarem não serão repostos, dessa forma, os funcionários que ficarem terão que assumir as funções dos aposentados além das suas, o que além de sobrecarregar funcionários prejudica o funcionamento das atividades. O IA já tem seus espaços limpos com frequência menor do que outros institutos e com o contingenciamento essa frequência diminuirá ainda mais; o Barracão será limpo por apenas UMA faxineira.
A midialogia não tem mais dinheiro para pagar o seguro dos equipamentos, então todas as produções terão que ocorrer no campus. Além disso também faltam equipamentos essenciais pro curso e dinheiro para o reparo dos que estão no instituto. A mídia não funciona sem os equipamentos e, por ser um curso múltiplo, precisa de diversos para funcionar. A maior parte deles é muito cara, sendo impossível para as alunas e alunos comprarem; assim, a falta de equipamento obriga estudantes a buscar dinheiro de outras formas para alugar e isso só vai piorar com a falta de seguro e dinheiro para reparos. Também não haverá verba para realizar os projetos (na mídia é preciso fazer 4 projetos e 6 para se formar).
Também há um baixo número de bolsas PAD e PED comparando com outros institutos. O mestrado está há dois anos sem receber nenhuma bolsa Capes. A verba da pós-graduação sofreu um corte tão grande que neste ano permitirá apenas custear as bancas e nada além disso.