E a família?

Se você não se escondeu em um buraco sem internet nos últimos dias, deve ter ficado sabendo que foi aprovado o Estatuto da Família. O problema é que de acordo com esse estatuto a definição de família é a união de um homem com uma mulher ou a comunidade formada por qualquer um dos pais com os filhos. Como assim? Em que mundo essas pessoas vivem?

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Não preciso nem falar da exclusão dos casais homossexuais, vamos pensar em outras combinações. Convivo com crianças de várias realidades: crianças criadas pelos avós, por uma tia, por uma mãe solteira… Tem crianças que nunca conheceram o pai, crianças que foram abandonadas pela mãe. As escolas muito sensivelmente substituiram a comemoração de dia das mães e dia dos pais pelo dia da família, tendo em vista toda essa diversidade familiar. Sempre que a gente vai dar um recado, a gente tem o cuidado de não falar apenas “entrega pra sua mãe/pai”, mas acrescentar um “pra quem cuida de você”, algo assim. Isso é inclusão. Esse estatuto é uma exclusão, um retrocesso, uma violência com as crianças que vivem em realidades familiares diferentes de uma “união entre homem e mulher”.

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A deputada Érika Kokay (PT-DF) disse que o projeto “institucionaliza o preconceito e a discriminação”, ao que o deputado Takayama (PSC-PR) interrompeu gritando que “homem com homem não gera” e “mulher com mulher não gera”. Olha só que argumento brilhante! (só que não) Leia mais detalhes aqui.

Não entendo muito de política, mas me parece que agora esse projeto do Estatuto vai ser votado pelo Senado e, se aprovado, depois poderá ser vetado pela Dilma. Considerando que o perfil oficial dela postou esta foto, acho que ainda resta esperança.

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Também tem esta imagem do bolsa família.

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Para leitura: 14 tweets sobre a decisão do estatuto. “Ai mas como eu vou explicar pro meu filho um casal gay?” Gente. Explicar amor pra uma criança é uma coisa muito simples. Difícil é explicar o ódio pra ela. Porque, sinceramente, nem eu consigo entender. Tem um post no blog Cientista que virou mãe sobre isso, recomendo.

Até a próxima!


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