Diário: V Encontro de Educação Musical da Unicamp

Olá! Como disse em alguns posts, na semana passada aconteceu o V Encontro de Educação Musical da Unicamp! Vou escrever aqui como foi. Acho legal divulgar esse tipo de coisa, porque há um ano atrás eu nem imaginava que existia tanta pesquisa, tanto interesse e tantos assuntos relacionados à educação musical!

Foram três dias: de 04 a 06 de setembro. Foi bem cansativo, mas participar desse encontro foi uma experiência incrível e me fez ter certeza de que eu quero ser uma educadora musical mais do que instrumentista (não quer dizer que eu vá largar o piano, nunca!! Apenas que meu foco como profissão é outro)

V Encontro de Educação Musical Unicamp

Vamos começar pelo começo. Antes de mais nada, acho legal dizer que o Encontro surgiu como iniciativa dos próprios alunos da licenciatura, e continua se mantendo graças ao pessoa que é voluntário na organização! Obrigada a todos que ajudam a tornar esses dias possíveis! ❤

O dia começou com o credenciamento às 8:00, em que confirmamos presença e recebemos o kitzinho acima, com “crachá”, pastinha com folhas em branco, caneta e o livrinho com a programação. Ainda era possível fazer a inscrição no dia, embora algumas oficinas estivessem lotadas.

Vou usar o livrinho de programação e minhas anotações pra falar um pouquinho sobre cada atividade. Mas só um pouquinho, não tem como falar tudo que foi discutido!

08:40 – Maracatucá!

Uma apresentação no pátio com o grupo de Maracatu Maracatucá, formado em sua maior parte por estudantes e profissionais da área de humanas e artes! O grupo começou lá e nos levou até o palco do auditório, onde continuaria a programação. Foi um comecinho bem legal pro nosso encontro!

V Encontro de Educação Musical Unicamp

09:00 – Abertura

A professora drª. Adriana Mendes (posso dizer que ela é minha professora preferida ou vai parecer puxa-saquismo?) falou algumas palavrinhas sobre o encontro, assim como o professor e diretor do Instituto de Artes, Fernando Hashimoto.

09:30 – Mesa 1: Interculturalismo na formação do educador musical

O tema do encontro deste ano foi Interculturalidade na Educação Musical. Essa mesa foi composta pelos professores drs. Alberto Ikeda e Margarete Arroyo da Unesp e José Roberto Zan da Unicamp. A discussão foi sobre o estudo das culturas populares e se isso faz “sentido”. Por exemplo, que sentido faria eu cantar uma música de escravos negros, já que eu não vivenciei o que eles vivenciaram? Foi um debate sobre o contexto em que a música é feita, e também sobre a diversidade de culturas no Brasil.

Saí um pouco antes do debate terminar pra almoçar correndo e seguir pra minha aula de piano, que é na terça às 13hs. Saí um pouco antes da hora da aula terminar e voltei pra segunda parte das atividades. Só na correria!

14:00 – Sessão de comunicações

Tínhamos três salas disponíveis para diversas pessoas compartilharem seus trabalhos em rápidas exposições de 25 minutos. Foram bem curtas, mas aprendi bastante e fiz muitas anotações! Adoro escrever, o que é meio óbvio, senão este post aqui não existiria.

Minha única reclamação é que algumas salas estavam pequenas pra quantidade de gente, mas não tinha muito o que fazer, afinal era uma semana de aula normal. Alguns professores gentilmente cederam suas salas de aula e foram para uma menor.

Foi difícil escolher quais trabalhos ver. Os que vi, com uma pausa para coffee break no meio da tarde, foram os seguintes:

  • Fora da carteira: ensinando música na escola
  • A presença do jogo didático nos ensaios de coros infantis
  • É permitido celular em sala de aula: uma experiência de apreciação musical utilizando celulares
  • A influência da amizade no aprendizado musical
  • Um estudo sobre o perfil do idoso no coral da terceira idade
  • Doces Flautistas – uma proposta de Educação Musical
  • Reflexões de uma pedagoga sobre a Educação Musical no Ensino Básico
  • A aula de piano como espaço de criação musical: um relato de experiência
  • Contação de histórias musicais
  • Educação sobre o espaço sonoro: desenvolvimento de um material de apoio a distância para oficinas de edição de áudio, com base no livro Tonmeister Technology de Michael Dickreiter

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16:05 – Apresentação Musical: Doces Flautistas

Antes do coffee break, tivemos uma apresentação com o grupo Doces Flautistas, de crianças e jovens moradores de um bairro da periferia de São Carlos. Foi bem dinâmico e interativo!

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Ok, passando para o dia seguinte…

09:00 – Grupos de discussão
O conflito entre indústria cultural, cultura tradicional e cultura de elite na educação musical do século XXI

Foi realmente difícil escolher de qual grupo eu participaria. As outras opções eram “A diversidade cultural no âmbito da educação musical”, “Educação musical no contexto da escola inclusiva” e “Música, educação e gênero”. Todos pareciam muito interessantes!

Bem, acabei escolhendo o grupo com esse título enorme. Começamos com uma discussão sobre o termo “cultura tradicional” que está sendo usado ao invés de “cultura popular”. Discutimos o que é tradição, e o que seria música tradicional. Outro conceito que surgiu em seguida foi o de essência: será que um estilo musical, ao ser reproduzido fora de contexto, perde sua essência? Hoje em dia, quanto mais rústico, mais autêntico; ao contrário dos músicos nacionalistas que tentavam reproduzir a cultura popular baseando-se nos padrões eruditos europeus.

Outro ponto importante é que a cultura não é algo imutável, sólido; ela está sempre se transformando e isso não é necessariamente ruim, pelo contrário.

Outra coisa discutida, que foi a parte que mais gostei por ser prática, foi o que fazer em sala de aula quando as crianças e adolescentes insistem em inserir na aula as músicas de qualidade e letras duvidosas que escutam (entenda-se funk). Essa parte gerou certa polêmica…

14:00 – Atividades lúdico-musicais

Oficina com o professor Carlos Kater, realizada em dois momentos (com um coffee break entre eles)! Ele começou apresentando seu livro (Erumavez…umapessoaqueouviamuitobem), e contando sobre por que o livro foi escrito. Disse que é importante nos lembrarmos dos motivos que nos levaram a fazer as coisas, e aconselhou que mantivéssemos um diário para nos lembrarmos de nossa trajetória. Eu pensei neste blog e em como contei aqui todo o meu esforço pra passar no vestibular, e fiquei alegrinha. (╹◡╹)

Em seu livro, Kater desenvolveu um método para trabalhar a memória auditiva das crianças, bem como outros conceitos como formas musicais, através do som de animais! É bastante interessante. Ele fez uma demonstração e nos explicou direitinho como tudo funciona.

Na segunda parte da oficina, depois do coffee break, continuamos com uma parte mais prática, em que ele mostrou algumas das brincadeiras que podemos fazer com as crianças. Uma delas era uma espécie de dança da cadeira guiada por sons. Bem, só sei que em certo ponto de competição por uma cadeira um moço me deu um esbarrão, eu caí em cima da minha mão e meio que entrei em pânico-de-pianista. Corri pra buscar gelo, o dedo ficou inchadinho por uns dois ou três dias, mas logo sarou. Foi mais o susto, mas o Kater foi super atencioso com o meu “ferimento de guerra”. ♡

16:00 – Autógrafo de livros e conversa com autores: Carlos Kater e Lílian Sodré

Pouco antes do coffee break, tivemos a venda de livros com os autores. Vocês sabem que eu sou viciada por livros, né? Não consigo resistir a livros em promoção. Não consigo resistir a livros autografados. E ainda mais com os professores das duas oficinas em que me inscrevi! Meu bolso ficou machucado, mas tive que comprar. Tenho certeza de que não será um investimento em vão. Já tive algumas ideias bem interessantezinhas de como colocar em prática…

V Encontro de Educação Musical Unicamp
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Performa Clavis

Saindo do Encontro de Educação, estava acontecendo também o Performa Clavis, um encontro de instrumentos de teclas (piano, pianoforte, cravo, clavicórdio e órgão) na Casa do Lago! Só que esse começou e terminou um dia antes do Encontro de Educação. Eu não me inscrevi, mas assim que acabou a oficina, fui ver o concerto de encerramento. Não é o assunto do tópico, mas queria compartilhar algumas fotos. A Gi que deu a ideia de ir lá “xeretar” e tirar fotos depois do concerto (com grandes instrumentistas!). Valeu, Gi!

Depois do concerto ia ter a Noite Vegetariana no Bar do Zé, pra ajudar a juntar fundos pra Semana Vegetariana da Unicamp. Queria ir, até chamei amigos, mas estava tão cansada que fui direto pra casa ;__;

Performa Clavis Performa Clavis Performa Clavis
Performa Clavis Performa Clavis Performa Clavis

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Último dia!

09:00 – Mesa 2: Inclusão das músicas indígena e africana na Educação Básica

Um debate com as professoras drªs Juliana Marilia Coli e Erica Giesbrecht! Foi um debate sobre a inserção da cultura africana no currículo escolar, batendo novamente na importante tecla da diversidade cultural e respeito aos diversos tipos de alunos e culturas. As professoras contaram algumas experiências, e fiz uma grata descoberta: o projeto Itinerários do Saber Musical!

10:45 – Plenária dos grupos de discussão

Nessa plenária, falariam um pouquinho sobre os grupos de discussão do dia anterior. Como tinha imaginado, foram todos muito interessantes! E aí veio o momento mais inesperado da semana: a professora Adriana perguntou quem poderia falar pelo grupo 3, e eu fui lá na frente com a Luana (regente do coral da minha escola de música) e um outro moço que é psicólogo e está fazendo pós-graduação em artes (esqueci o nome dele). Acho que foi bem legal e conseguimos transmitir bem o que foi discutido!

Aliás, o momento mais inesperado foi quando eu estava voltando do bandejão e um grupo de professoras passou e uma delas perguntou minha idade; a seguir todas disseraram que adoraram o que eu falei lá na frente e eu “dei um show”. Poxa, fiquei tão feliz! De verdade! Principalmente porque não tinha planejado nada! ❤

12:00 – Projeção do documentário: Niza C. Tank

Niza Tank é uma cantora lírica campineira de sucesso internacional. Ela canta muito! Esse documentário mostra um pouco como foi a trajetória dela, de forma bem extrovertida e com depoimentos de amigos. É uma graça! Ela também fala bastante sobre Carlos Gomes, orgulho de Campinas. O documentário termina com ela no monumento a Carlos Gomes, que, infelizmente, está num estado de abandono lamentável e coberto de grama.

Niza estava presente para uma conversa depois da exibição do documentário, mas eu saí nessa hora porque, bom, já passava das 13hs e precisava almoçar, né? :|

14:00 – Oficina: Música africana na sala de aula

Oficina com a professora Lílian Sodré. Foi uma oficina bem prática e divertida, mostrando bastante a cultura musical africana, historinhas e ideias para trabalhar com as crianças. Montamos grupos para tocar, dançar, cantar e brincar.

Descobri algumas músicas e vídeos interessantes que vou compartilhar aqui futuramente. Também aprendi a fazer alguns instrumentos usando a criatividade! Só pra encerrar, um pensamento que anotei no meu caderno:

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.” – Nelson Mandela

16:00 – Grupo Bate-lata

Pausa na oficina para apresentação musical e depois coffee break. O Grupo Bate-lata é um projeto de inclusão sociocultural de adolescentes e jovens de comunidades de baixa renda de Campinas. Foi muito legal, teve algumas músicas próprias e covers!

V Encontro de Educação Musical Unicamp

19:00 – Encerramento

Depois da segunda parte da oficina, houve o encerramento do encontro. Sei que cada oficina ia apresentar um pouquinho do que fez, mas não pude estar presente. Fui embora às 19hs porque tinha passagem de ônibus comprada pra ir pra São Paulo (afinal, depois de tanto aprender eu tava merecendo um feriado, né?). Podia ter ficado pro encerramento, já que minha passagem era das 20:10 mas meu ônibus só saiu às 21:00. ¬¬ Nunca vi a rodoviária tão caótica.

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Concluindo: o evento foi incrível e me motivou a continuar estudando sempre mais! Quem sabe um dia não seja eu dando uma oficina ou palestra? ★

Semana que vem acontece, na Unesp, a IV Semana de Educação Musical e VIII Encontro Regional Sudeste da ABEM (Associação Brasileira de Educação Musical), mas não vou porque não quero perder outra semana de aula. Mas minha querida amiga Su vai estar lá trabalhando como voluntária, então depois espero que ela me conte tudinho!

Semana que vem também vai ter a 6ª Semana da Educação na Unicamp. Fiquei sabendo disso meio em cima da hora, mas vou olhar a programação e talvez vá assistir a alguma palestra!

Até mais!

PS.: O bloquinho musical super bonitinho abaixo eu comprei no Empório Musical, que estava com um estande no nosso evento. Foi engraçado porque sempre que eu passava pelo estande, estava voltando do coffee break, com café ou suco na minha caneca de notas musicais, e um senhor disse que eu estava fazendo propaganda de graça. XD Enfim, descobri que a minha loja dos sonhos existe! Fica a dica pra quem quiser me dar presentes!

Esqueci de colocar na foto, mas também comprei uma caneca da semana de educação musical, que estava em promoção de duas por R$ 5,00!

V Encontro de Educação Musical Unicamp


2 Responses to Diário: V Encontro de Educação Musical da Unicamp

  1. Nossa, pra quem gosta de música, não apenas para ouvir, deve ter sido um evento maravilhoso. Foi na Unicamp aqui em Campinas mesmo??

    Se quiser, passa lá no Hey, Liih!
    Bom começo de semana, beijos beijos.