Os pianos no metrô e a falta de educação do povo

Olá! Uma das iniciativas musicais mais legais que eu conheço são os pianos públicos disponibilizados nos metrôs de São Paulo. Desde que descobri, toco neles sempre que posso. Como treinamento para as provas do vestibular em música, passei um final de semana tocando pelos diversos pianos nas estações (veja aqui meu post sobre isso).

Piano no metrô

Tocar no metrô (ou na rodoviária também) é uma experiência muito legal. Moro em Campinas, mas vou pra São Paulo quase todo fim de semana e toco no metrô sempre que sobra um tempinho. Já encontrei todo tipo de gente. Pessoas que tocam e vêm trocar ideias, pessoas que reconhecem uma música e ficam felizes (sempre que toco To Zanarkand alguém identifica), pessoas que gostariam de aprender a tocar… Gosto muito de conversar com as pessoas. O post que eu linkei acima tem alguns exemplos disso.

Também já tive encontros não tão agradáveis. Por exemplo, quando fui tocar no piano da Luz, havia lá um bêbado importunando todos que passavam perto do piano. Uma mulher bastante irritada garantia que ele tentou passar a mão na filha dela e ia descer a porrada nele. Outra vez eu estava tocando e um sujeito que também parecia bêbado se debruçou no piano e ficou me encarando. Foi perturbador.

Aliás, não fiquem encostados no piano. Se alguém está tocando violão, você se aproxima e começa a mexer no instrumento da pessoa? Eu acho que ficar debruçado no piano enquanto alguém toca é rude, principalmente se você não conhece a pessoa. O que leva a outro exemplo de falta de educação, em que eu estava tranquilamente tocando Mozart, acompanhada pelo meu namorado e um amigo, quando uma mulher chegou, se debruçou em cima de mim e começou a falar “Sou Fulana, sou cantora, gravei cds, procurem meu nome no google, minha amiga falou que eu deveria tocar nos metrôs, vou cantar aqui, vocês também vão tocar ainda?” Gente. Como ela pode ser musicista se não respeita uma pessoa que tá tocando? Ela não ia gostar que eu começasse a falar um monte do lado dela enquanto ela canta, ia? Não é pra ficar em silêncio absoluto; é um metrô e não uma casa de concerto e eu mesma falei que gosto de conversar quando toco, mas ficar falando em cima da pessoa é muita falta de educação.

Mas estou divagando. O ponto principal do post não é esse. É quando a falta de educação afeta os pianos. Como primeiro exemplo, o piano da Luz que eu citei mais acima. Esse piano fica (ou ficava, não sei se ainda está no mesmo lugar) do lado de fora da catraca, por isso acredito que fique mais difícil de “ficar de olho” nele. Quando estava tocando no piano da linha verde, que na época estava em Tamanduateí, um moço me falou que o piano da Luz estava acabado, tinham até roubado parafusos dele. Não sei se é verdade, mas não vejo razão pra ele mentir. Isso é um absurdo tão grande!

Este aqui eu vi pessoalmente. Eu e um amigo fomos tocar no piano do Brás. Duas semanas antes, ele tinha acabado de ser colocado naquela estação e eu toquei. Estava tudo lindo, aquele piano estava ótimo e a acústica da estação ajudava bem, considerando que é um metrô. Não foi o que aconteceu quando eu e meu amigo fomos tocar: foi uma decepção muito grande. Tentamos tocar, mas não conseguimos porque no mínimo três teclas estavam quebradas. Elas afundavam e não voltavam mais (só se você puxasse pra cima). Não consigo nem imaginar como conseguiram deixar o piano nesse estado em duas semanas. Vejam só:

Piano quebrado :|

Fiquei revoltada e postei isso no twitter. O UsuariosMetroSP (perfil muito bom!) viu e falou com o perfil do metrô. Isso foi numa sexta-feira, dia 27/07. Na segunda, o perfil do metrô me respondeu que tomaria providências e nessa mesma noite o piano foi colocado para manutenção. Quem disse que twitter não serve pra nada? Queria agradecer aqui a eficiência desses dois perfis. Obrigada!

Quem tirou a foto do piano em manutenção – depois ele foi retirado do local e ainda não retornou – foi meu namorado, que passa sempre pelo Brás. Ele mandou a foto dizendo “olha o que você fez o metrô fazer”, haha. Obrigada! ♡

Piano em manutenção

Alguns dias depois, me deparo com um tweet que me deixou novamente chateada. Não é a primeira vez que ouço falar que tem grupos religiosos usando o piano da linha verde (que agora está em Sacomã) para fazer culto. Gente. Eu respeito todas as religiões, mas a finalidade dos pianos públicos não é essa. Não é permitido fazer culto no metrô. Sua religião não está acima das regras. O piano está lá pro povo tocar, não pra fazer pregação.

Fica aqui o meu apelo. Por favor, respeitem os bens públicos. Seja um piano, um orelhão, um banco de metrô… Não importa, ajudem a conservar; não estraguem. Manutenção de piano custa caro. Só pra afinar, já fica em 150 a 200 reais. Não faço nem ideia de quanto custa consertar as teclas do piano, mas não deve ser barato. Esse dinheiro poderia ser usado em outras iniciativas culturais.

E também respeitem quem está tocando. Não expulsem ninguém do piano, não fiquem em cima da pessoa se ela parecer desconfortável com isso. Não importa se a pessoa está tocando Beethoven, um hino religioso, a música do danoninho ou Michel Teló, o piano é público e todos têm o mesmo direito de usa-lo e mostrar sua música. Só não pode usar para os fins errados, como fazer pregação religiosa. Isso é diferente de tocar músicas religiosas e é proibido.

Colaborem para que o projeto continue!

Piano no metrô


3 Responses to Os pianos no metrô e a falta de educação do povo

  1. Na minha cidade colocaram uns pianos públicos, e rapidamente destruíram. Tiraram os pianos logo depois e eles não voltaram.

    Além do custo desnecessário com os prejuízos que essas pessoas causam, elas também contribuem pro fim de projetos bacanas.

    O pior ainda é que BOM SENSO tenha que virar proibição, como o caso dos cultos religiosos. O mínimo de bom senso e civilidade te diz que tem alguma coisa errada em juntar um bando em volta de um piano público e ficar fazendo cultos no meio de um monte de gente.